Controlo de Infeção em Português: Precauções de isolamento

segunda-feira, 14 de março de 2011

Precauções de isolamento

As medidas globais de prevenção e controlo de infecção são aplicáveis, na prestação de cuidados, a todos os utentes independentemente de ser conhecido o seu estado infeccioso e são denominadas de Precauções Básicas.

As medidas complementares às Precauções Básicas são as Precauções Dependentes das Vias de Transmissão, que são aplicáveis na prestação de cuidados aos utentes cujas patologias ou microrganismos envolvidos são conhecidos e requerem medidas adicionais (ex: Tuberculose pulmonar ou infecções por Staphylococcus aureus Meticillina Resistente - MRSA).

A Direcção-Geral da Saúde no microsite do controlo de infecção tem publicado as "Recomendações para as Precauções de Isolamento. Precauções Básicas e Precauções Dependentes das Vias de Transmissão" - http://www.dgs.pt/ms/3/default.aspx?pl=&id=5514&acess=0

Os Centeres for Disease Control and Prevention (CDC) têm publicadas as "Guideline for Isolation Precautions: Preventing Transmission of Infectious Agents in Healthcare Settings" publicadas em 2007. Para rápida consulta, o Anexo A tem estruturada uma tabela de microrganismos/patologias, o tipo de isolamento necessário e a respectiva duração das medidas. - http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/isolation/Isolation2007.pdf

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Visão histórica do Controlo de infeção

· No Séc. IV ac, Hipócrates já fazia referência à necessidade de tratar os doentes sem lhes fazer mal.

· 1843, Oliver Wendel Holmes relacionou a infeção puerperal com os cuidados obstétricos realizados por médicos contaminados pela autópsia de puérperas infetadas.

· 1847, Ignaz P. Semmelweiz publicou um trabalho onde demonstrou que a incidência de infeção puerperal era muito superior nas parturientes assistidas por médicos em comparação com as parturientes assistidas por parteiras, num hospital de Viena.

· Semmelweiz demonstrou que a única diferença entre os dois grupos de utentes era a realização prévia, pelos médicos, de autópsias em puérperas mortas por infeção. Concluindo que haveria um transporte de partículas cadavéricas nas mãos dos médicos que posteriormente realizavam os partos e as transferiam para as parturientes provocando infeções. Ele introduziu a lavagem das mãos com solução clorada antes dos procedimentos, conseguindo com isto a equiparação das taxas de incidência de infeção entre os dois grupos. Este foi o primeiro estudo que demonstra a eficácia da higiene das mãos na prevenção da infeção hospitalar.

· 1867, Joseph Lister publicou seu trabalho The antisseptic principle in the practice of surgery, com importantes contribuições para as práticas de antissepsia.

· 1863, Florence Nightingale descreveu uma série de cuidados e estratégias relacionados aos doentes e ao meio, com o objetivo de diminuir o risco de infeção hospitalar. Florence solicitava que as enfermeiras mantivessem um sistema de relato dos óbitos hospitalares com o objetivo de avaliar o serviço. O hospital apresentava péssimas condições: não existiam sanitários, as camas e roupas de cama eram insuficientes, não havia bacias, sabão ou toalhas, as pessoas comiam com as mãos e a taxa de mortalidade era de 42%. Florence contribuiu para fazer cozinhas, lavandarias, melhorou as condições sanitárias, e fazia rondas à noite levando assistência e conforto aos doentes. E, reduziu as taxas de mortalidade de 42,7% para 2,2%. Passou a valorizar-se o utente e as condições ambientais envolventes como: limpeza, iluminação natural, ventilação, odores e calor. Promoveu ambientes mais limpos formação para as enfermeiras sobre limpeza e desinfeção e orientou a construção de hospitais de maneira a possibilitar maior separação entre os doentes.

· A partir de 1928, quando Alexander Fleming observando que um fungo, o Pinicillium notatum, inibia o crescimento de algumas bactérias, descobria, então, a Penicilina que estaria disponível para utilização em 1941.

· Pouco mais de uma década foi o tempo até surgir as primeiras resistências do estafilococos à penicilina e que continuam até aos dias de hoje.

· 1959, em Inglaterra, foram criadas as primeiras comissões de controlo de infeção em e foi nomeada a primeira enfermeira de controlo de infeção inglesa.

· Na década de 60 começam a surgir as normas e recomendações nesta área emanadas pelos CDC (Centers for Disease Control and Prevention).

· Entre 1970-1976 foi desenvolvido o primeiro grande estudo de infeção (SENIC) que é o ponto de origem das comissões de controlo de Infeção (CCI) nos hospitais, o estudo refere que um adequado programa de controlo de infeção pode reduzir as infeções hospitalares em 32% e, ainda, refere que cerca de um terço destas infeções eram seguramente evitáveis.

· Entre 1970-2004 funcionou o NNIS (National Nosocomial Infection Surveillance System) que esteve na origem de diversas recomendações e estudos nesta área e nos primeiros programas de Vigilância Epidemiológica (VE).

· Em 1976, a Joint Commission on Accreditation of healthcare organizations emanou também normas e recomendações para a VE e iniciou os programas de acreditação.

· Em 2005 surge outra Estrutura Europeia que integrou os programas e projetos de controlo de infeção o IPSE (Improving Patient Safety in Europe) que recentemente (2005) integrou outra grande Estrutura Europeia o ECDC (European Center for Diseases Prevention and Control).

· A decisão do Conselho da Europa: “COUNCIL RECOMMENDATION of 9 June 2009 on patient safety, including the prevention and control of healthcare associated infections (2009/C 151/01)” sugere a obrigatoriedade da existência de comissões de controlo de infeção nas unidades de saúde dos Países Europeus e, a criação de uma rede europeia de vigilância epidemiológica.

· Em 2004, a Comissão da União Europeia lançou a área da segurança do doente e definiu a estratégia para 2008-2013 onde foram definidas as áreas de ação prioritárias e a integração do controlo de infeção na segurança do doente e gestão de risco.

· Em Portugal, em 1978 foi fundada a primeira “Comissão de Higiene” pelo Hospital de Torres Vedras.

· Em 1986 surgiu o primeiro enquadramento normativo publicado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) que criou as Comissões de Controlo de Infeção.

· Em 1988 foi criado o “Projeto de Controlo de infeção” sediado no Instituto de Gestão informática e Financeira da Saúde (antigo IGIF).

· Em 2000, o Programa passou a denominar-se de “Programa Nacional de Controlo de Infeção (PNCI) e manteve-se sediado, até 2004, na Direção-Geral de Saúde (DGS). Em 2004, foi transferido para o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

· Em 2007, o PNCI foi novamente transferido para a DGS e foi reformulado todo o enquadramento normativo. Nesta altura, torna mandatória a constituição e operacionalização das CCIs em todas as unidades de saúde, como órgão de assessoria técnica de apoio à gestão, com caráter técnico, executivo e multidisciplinar, dotada de autoridade institucional e autonomia técnica, para implementar o Plano Operacional de Prevenção e Controlo de Infeção (POPCI).

· Foram criadas as Estruturas Regionais de Controlo de Infeção – GCR, sediadas nas Administrações Regionais de Saúde (ARS). Para a sua operacionalização foi definida a articulação das CCI com os Núcleos Coordenadores Regionais (ARS e Serviços de Saúde das Regiões Autónomas), com o objetivo de definir medidas setoriais de interesse regional.

· Em 2013, foi criado por Despacho do Ministério da Saúde, o PPCIRA (Programa de Prevenção e Controlo da Infeção e das Resistências aos Antimicrobianos). Este Programa é sediado na DGS, no Departamento da Qualidade na Saúde (DQS) e junta os anteriores Programas – PNCI e PNPRA (programa nacional de prevenção de resistências aos antimicrobianos) com caráter de programa prioritário. E em articulação com as estruturas de Segurança do Doente e Gestão de Risco.

· Em 2015, está a ser consolidada toda esta mudança recente.

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